Um terço dos colaboradores europeus sofre de discriminação pela idade no local de trabalho

 

Um artigo do jornal de negócios vem revelar, o que para mim, é de todo um contra senso:  “Estudo europeu destaca as descriminações pela idade e de género como as mais frequentes. Maioria dos portugueses considera que as políticas de sustentabilidade da empresa onde trabalham não são suficientes.”

Como, numa realidade mundial onde nos deparamos com uma pirâmide demográfica invertida e que precisamos cada vez mais de contar com as qualificações e experiências do nosso Talento Sénior, este mesmo se sente discriminado única e exclusivamente pela sua idade? A IDADE, e o seu empoderamento, são elementos que devem ser enaltecidos e valorizados aquando da vontade do colaborador. Se queremos ver um pouco mais além, temos de deixar de lado o “nosso velho do Restelo” e elucidar as empresas e organizações de que têm um grande trunfo nas suas mãos e não o oposto: pessoas obsoletas que são um peso nas hierarquias.

Aqui fica o artigo na íntegra:

Boas leituras!

“Apesar da crescente atenção dada pelas empresas à diversidade e inclusão, um em cada três colaboradores europeus indica sofrer discriminação em função da idade no local de trabalho, revela um novo estudo levado a cabo pela Michae Page.

O estudo sobre sustentabilidade, com foco na diversidade e inclusão no ambiente de trabalho, revela que, na Europa, a discriminação em função da idade ocorre com mais frequência, seguindo-se a discriminação de género.

Dos 4755 participantes a nível europeu, um terço afirmou sentir-se tratado de forma desigual devido à idade neste último ano. Entre os maiores de 50 anos, mais de 40% referiu que se sentia regularmente discriminado pela idade. E, num quarto dos casos, os colaboradores sentiram-se discriminados com base no género.

Em Portugal, a discriminação devido à idade não parece ser um problema para 65,8% dos entrevistados, e apenas 3,4% afirma sentir a discriminação de forma permanente no seu local de trabalho. Diz o estudo que cerca de 82% dos trabalhadores portugueses atribuem “grande importância” à diversidade e inclusão no local de trabalho.

Em Portugal, apenas 16,4% dos colaboradores considera que as políticas de sustentabilidade da empresa em que estão inseridos são suficientes e quase metade (49,1%) opta pela neutralidade na resposta relativamente a esta questão. Mas, quando questionados se aceitariam trabalhar numa empresa sem uma política de sustentabilidade, 63% dos entrevistados portugueses consideram que é um fator muito importante para a tomada de decisão.

“Para ser fiel a si próprio no trabalho, é importante que empregador e colaborador partilhem os mesmos valores. Na procura de um novo emprego, é importante definir valores pessoais essenciais, e estabelecer prioridades no que é mais importante e menos importante na vida pessoal e profissional, definindo a distinção para si próprio entre o que é ‘negociável’ e ‘não negociável’, sublinha João Bernardo Gonçalves, sénior manager da Michael Page.

Por exemplo, acrescenta, “se o valor central é a flexibilidade, e este é um valor não negociável, é preferível procurar um empregador que tenha os mesmos valores fundamentais, pois se estiverem alinhadas as probabilidades de permanecer nessa empresa por um período mais longo de trabalho são maiores, o que traz habitualmente benefícios para ambas as partes”.

Diz ainda ao relatório que mais de dois terços dos trabalhadores europeus sentem que não podem ser completamente fiéis a si próprios no ambiente de trabalho. Em Portugal, apenas 32,4% referiram que se sentem totalmente à vontade no local de trabalho. Quando analisadas as causas que motivam esta situação, mais de metade (53,5%) dos portugueses defende que prefere separar a sua vida profissional da vida pessoal, motivo pelo qual não são tão “abertos”.

Quando comparados os mercados europeus, o mesmo estudo revela que a Holanda é o país em que mais de metade dos colaboradores se sente totalmente à vontade no local de trabalho, alcançando o resultado mais positivo do estudo, enquanto, no extremo oposto, Itália apresenta menos de um quarto das pessoas que podem ser completamente iguais a si próprias no local de trabalho.

Esta é, aliás, uma situação mais comum aos países do sul da Europa, em que existe a tendência de hierarquias mais fortes, fator que contribui, entre outros, para que o comportamento seja mais distanciado e menos verdadeiro. Entre os motivos de discriminação mais citados entre os colaboradores incluem-se a discriminação baseada no género, idade, etnia, orientação sexual e religião.

O estudo revela ainda que mais de metade das mulheres (e apenas 34% dos homens) entrevistados referem ser a favor da discriminação positiva para promover um equilíbrio de género mais estável na sua empresa.

A análise mostra ainda que os candidatos avaliam cada vez mais os empregadores sobre as suas políticas de sustentabilidade. Além dos fatores de diversidade e inclusão como pilares importantes da sustentabilidade, os objetivos climáticos e o envolvimento social estão a ganhar relevância entre os colaboradores e candidatos a emprego.

Dois terços das pessoas dizem que as iniciativas de sustentabilidade dos seus potenciais empregadores são “importantes” ou “muito importantes” para elas. Estas iniciativas de sustentabilidade (reciclagem, mobilidade elétrica, voluntariado e trabalho social, entre outras) influenciam a escolha dos candidatos a emprego relativamente à empresa.

“O candidato julga um empregador pela visão, comportamento e implementação da sustentabilidade. Atualmente, é necessária uma política sustentável no sentido mais amplo, incluindo desde as metas climáticas a uma força de trabalho diversificada”, reforça João Bernardo Gonçalves.”

 

Jornal de Negócios 24 de Abril – Sónia Santos dias